Desafio "1001 filmes": 49 a 53


49) "Onde começa o inferno" ("Rio Bravo", 1959)

Clássico faroeste de Howard Hawks em que John Wayne, Dean Martin, um velhinho e Robin se protegem numa delegacia contra as investidas de bandidos que querem libertar um preso. Angie Dickinson fica se jogando nos braços do Duke, mas os dois só se amassam no final. O diretor gostou tanto do filme - e era tão picareta - que o refilmou três vezes: "El Dorado" (1966), "Rio Lobo" (1970) e "Rio de Janeiro" (2017), onde Capitão Nascimento e mais dois PMs tentam se proteger do PCC numa UPP. John Wayne participou dos dois últimos.

Detalhe para o título em outros países.

EUA: Rio Bravo
França: Rio Bravo
Argentina: Rio Bravo
Suécia: Rio Bravo
Finlândia: Rio Bravo
México: Rio Bravo
Brasil: ONDE COMEÇA O INFERNO

Vai ser diferentão assim lá na casa do chapéu.




50)  "O homem de ferro" ("Czlowiek z zelaza", 1981)


Calma, não é uma adaptação polonesa do herói da Marvel (o que seria interessante), mas a continuação do épico político de Andrej Wajda, que seu crítico favorito já comentou AQUI. Trata-se de um raríssimo caso da sequência ser melhor do que o original, como "O poderoso chefão" e "O Máskara". Wajda volta a analisar o regime comunista da Polônia, mas, desta vez, com sentido de urgência, pois faz um semi-documentário das grandes greves operárias convocadas pelo sindicato Solidariedade, no final dos anos 70, que desafiaram o regime comunista. Nada, porém, é simples nos filmes de Wajda, e os mocinhos e bandidos se confundem nesta que é uma complexa - mas nada tediosa - análise da encruzilhada política da Polônia. 


Em suma, é europeu mas é bom.





51) "A época da inocência" ("The age of innocence", 1993)

Filme romântico de Martin Scorsese? Fiquei esperando Robert de Niro sair de um canto e meter bala em Daniel Day-Lewis. Isso não acontece. Mas é um filmaço. Scorsese migra dos tiroteios da máfia para um terreno não menos mortífero: os repressores salões da alta sociedade de Nova York, em meados do século dezenove. Day-Lewis, talvez o maior ator de sua geração, faz um jovem noivo que se mete nas saias de personagem de Michelle Pfeiffer, uma condessa caída em desgraça, como todas as condessas de romance. Tem tanta frescura e etiqueta que parece baile no Itamaraty, mas Scorsese é tão foda que cada cena é cuidadosamente montada para deixar transparecer muito mais do que os diálogos mostram. Brinde para Winona Ryder, ainda surfando na onda de atriz queridinha da América, antes de aparecer bagaça (mas igualmente talentosa) em "Stranger Things".




52) "Alma no lodo*" ("Little Caesar", 1931)

* mais um dos poucos casos em que a tradução brasileira é melhor do que o título original.

Protótipo do filme de gângster, "Alma no lodo" foi produzido apenas dois anos após a introdução do som no cinema. Por isso, ainda há muitos cacoetes de cinema mudo, uma câmera meio desajeitada, atuações muito teatrais, etc. Mas a história de um ladrão pé-de-chinelo que vira um poderoso bandidão ainda cativa, tendo inspirado as duas versões de "Scarface" (1932 e 1983) e criado o arquétipo do bandido que odiamos adorar. O baixinho Edward G. Robinson, que ficaria marcado como "o" gângster hollywoodiano, faz aqui seu primeiro grande papel: atávico, nervoso, vaidoso e arrogante, está perfeito como Rico, o "pequeno César".




53) "Blonde cobra" (1963)

Curta experimental dos anos sessenta. Ou seja, gente murmurando coisas ininteligíveis e histórias chocantes, num simulacro de transgressão artística. Para ser assistido apenas pela família próxima do diretor.

Se quiser arriscar, fique à vontade: pode assistir AQUI. Bons sonhos.






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