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Mostrando postagens de agosto, 2018

reencontro

- Fulano, é você?! - Rapaz! Dê cá esses ossos! - Encontrar você no meio da rua! Que grata surpresa! - Emagreceu, hein? - Andei me cuidando. Passei dos quarenta, já viu... mas você engordou. - He he he, um pouco. Tive filhos, sabe como é. - Parece mais que engoliu os filhos! - He he. Tô fazendo dieta. - Só se for dieta de engorda. - Engraçadinho. - Sério, você tá um boi. - Porra, mas vai ficar martelando isso? Virou a Ana Maria Braga agora? - Uai, eu só... - "Eu só", nada! Dez anos sem te ver e tudo o que cê tem a dizer é que eu engordei? Puxa vida! - Mas amigos falam tudo um pro outro. - Sim, tudo... mas tem um limite, né? Senão constrange. - Você tá com mau hálito também. - Tsc, olha só, tchau, viu? A gente se esbarra de novo daqui a dez anos. - Oquei. Não fica chateado pela sinceridade, tá. - Hm. - E vê se perde uns quilos! - Vê se toma no cu!

Desafio “1001 Filmes” - nos. 16 a 19 - Medley

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"Uma janela para o amor" (“A Room with a view”, 1985) Quem não gosta de um belo filme de época com belas paisagens, atores falando com sotaque afetado, gravatinhas borboleta e convenções sociais ultrapassadas? Possível resposta: eu. A dupla James Ivory e Ismail Merchant - diretor e produtor, respectivamente - , companheiros na vida e no trabalho, realizaram alguns filmes memoráveis, como “Retorno a Howard´s End” (1992) e “Os Vestígios do Dia” (1993). Criaram uma espécie de “marca registrada”, especializando-se em adaptações literárias de requinte com leve toque cômico, estilo hoje reciclado em séries como “Downton Abbey”.  Infelizmente, “Uma Janela para o Amor”, adaptado de E. M. Forster, não está entre os melhores títulos da dupla. Sim, o elenco é estelar - Helena Bonham Carter, Judi Dench e Maggie Smith, além de Daniel Day-Lewis num de seus primeiros papéis no cinema - e a direção de arte é primorosa (venceu o Oscar da categoria), como convém a um produto

Desafio "1001 Filmes" - no. 15 - “As Oito Vítimas” (“Kind Hearts and Coronets”, 1949)

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“É tão difícil matar pessoas com quem não se tem uma relação de familiaridade”, afirma o anti-herói Louis Mazzini (Dennis Price). No caso, Mazzini busca se familiarizar com os membros de uma família aristocrática inglesa, os D´Ascoynes, para eliminá-los um a um e abrir caminho para herdar o título de duque da dinastia. A ironia, sombria e amarga, dá o tom da frase e do filme. Trata-se de uma das maiores comédias de humor negro já filmadas, clássico do cinema britânico produzido pelos Estúdios Ealing, responsável pelo também célebre “Quinteto da Morte” (“The Ladykillers”, 1955). Logo nos primeiros momentos, é fácil constatar o que fez de “As Oito Vítimas” um clássico que perdura 70 anos após seu lançamento. O roteiro primoroso e avançado para a época, co-escrito pelo diretor Robert Hamer, trilha a linha tênue entre a comédia e a tragédia, dando complexidade e charme ao personagem de Mazzini (a sutil interpretação de Dennis Price vai no mesmo sentido). De fato, não

Desafio "1001 Filmes" - no. 14 - “O Regresso” (“The Revenant”, 2015)

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“O Regresso” lembra um filme que vi há anos, “Mais Forte que a Vingança” (“Jeremiah Johnson”, 1972), dirigido por Sidney Pollack. Neste, Robert Redford praticamente carrega o filme inteiro nas costas, semelhante a Leonardo diCaprio no filme mais novo. Os dois títulos compartilham temas: ambos se passam nas montanhas geladas da América do Norte no início do século XIX e, enquanto aparentemente tratam de vingança, na verdade são sobre a fronteira entre a civilização e a natureza.  O filme de Pollack, porém, não tem um décimo do virtuosismo técnico de Iñarritu. Não tem voos de drone na neve, nem longos planos-sequência sem cortes com lente grande angular. A duração é quase uma hora a menos que “O Regresso”. A atuação de diCaprio é muito mais realista que a de Redford, que em algumas cenas parece que acabou de sair de seu trailer, com o penteado loiro e os dentes impecáveis, enquanto diCaprio se parece muito mais com um explorador fodido no limiar do mundo conhecido, completo