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Mostrando postagens de julho, 2011

países como gente

Em 1570, o cartógrafo alemão Sebastian Munster produziu um mapa que exibe o continente europeu sob a forma de uma rainha, com os reinos da época a representarem partes do corpo (o mapa pode ser visto aqui ). Aproveitando-se da mui privilegiada posição de Portugal na carta - o cimo da coroa - e professando sua crença no glorioso futuro da nação lusa, Fernando Pessoa reciclou o conceito de Munster no poema “O Dos Castelos”: “A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente a Ocidente jaz, fitando, E toldam-lhe românticos cabelos Olhos gregos, lembrando. (…) O rosto com que fita é Portugal.” Ambos Pessoa e o cartógrafo germânico usaram de uma idéia em voga na época: a antropomorfização das nações, ou seja, a representação de países como seres humanos, nas artes e no discurso. Penso nisto por um segundo. Um país pode ser considerado uma pessoa? É óbvio que não. Um Estado é composto por um território, um governo dotado do monopólio legal da força e uma população de milhares de pessoas. Em

fotografia

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