o jogo
A caravana de um sábio persa, a caminho do Gujarate, e a de um embaixador indiano, a caminho de Khorasan, cruzam-se na metade do caminho, às margens do Amu Darya. Os dois homens se abraçam e beijam-se, como se fossem velhos conhecidos. Imediatamente, decidem pousar a noite nas terras de um senhor da guerra. À luz do fogo ancestral, trocam histórias sobre santos sufis e imperadores que reinaram muitos séculos antes de Alexandre. Para passar o tempo, o indiano retira do alforj e um tabuleiro de satranç, jogo das terras hindus que o persa conhece profundamente, e começam a jogar. As partidas se sucedem em ritmo enfurecido, com os dois exímios duelistas a ganhar e perder na mesma proporção, sem que um obtenha vantagem considerável sobre o outro. - Sabe, Excelência - diz, a certo momento, o sábio persa -, o satranç é conhecido como a mais perfeita simulação da guerra. Há o rei, que deve ser protegido pelos peões e cavalos, e os bispos, em eterno conflito com as torres. E a rainha...