- Alô? - Mãe...? - Oi, filha! Que surpresa. - Tudo bem com a senhora? - Tudo. Mas eu é que pergunto, filha. Nunca mais ligou. - Trabalho, né, mãe. A maior correria. E essa peste do Francisco, também, não me dá paz um minuto. - Não fala assim. Tudo bem com ele? - Não. - Não? Quê que ele tem? - Nem sei, mãe. Nem sei se ele tá com alguma coisa. - Como assim, filha? Fala direito. - Tô com medo. - Maria de Fátima! Pára que você está me deixando assustada. Respira fundo e me conta isso direito. O que é que o Chico tem? - Começou quando ele voltou da escola. Chegou reclamando da cabeça, que tinha batido a cabeça na hora do recreio, que tava doendo, que tava se sentindo todo mole. Fui procurar galo, ferida, né, mas nada. Botei gelo, mas não inchou. Ele, só reclamando que tava mole, com sono, e eu com medo, lógico. - Valha-me. E você foi direto pro pronto-socorro, né, Maria de Fátima. - Levei ele pro pronto-socorro. Fiquei três horas na espera, comigo segurando o saco cheio de gelo na cabeça ...