infância raiz

- Fabrício, é você?! Gente, esse aqui é meu sobrinho, Fabrício!
- Oi, tio.
- Faz tempo que não te vejo! Já te peguei no colo! Agora tá um rapazote bonito, olha só! Quer uma cervejinha?
- Tio, tenho treze anos.
- E daí? Na sua idade, eu já caía de porre! E na escola? Pegando muita mulher?!
- Ainda não.
- Rapaz, na sua idade eu já tinha embuchado uma menina.
- Sério? E cadê seu filho?
- Ah, larguei com a mãe, né... eu era muito jovem pra ser pai. Mas então, se você não bebe nem tá pegando mulher, quê que você faz?!
- Tô escrevendo uma fanfic.
- Fan... o quê?
- É um conto baseado no universo de um filme ou de uma banda que a gente gosta.
- Sei.
- E ganhei o terceiro prêmio da olímpiada de robótica na minha escola. Meu grupo inventou um game educativo.
- Bacana. Educação é importante. Mas então, Fabrício, você gosta de carro?
- Não, tio.
- Não gosta de bebida, mulher nem carro.
- Gosto de ler.
- Sei. Bacana. Ler é importante.
- Vou indo, tio.
- Tá certo, Fabrício. Manda um abraço pra sua mãe.
- Tchau.
- Tá vendo, gente? Não sei onde a juventude de hoje vai parar. Esses meninos sempre com a cara enfiada no celular. Não querem saber de sair, beber, pegar rapariga, andar de carro. No meu tempo é que era bom. Infância raiz.

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