carmela & diego


- Carmela. Estamos namorando há dois anos. Já é hora de você conhecer algumas coisas a meu respeito.

- Oh não, Diego! Eu sabia, era perfeito demais pra ser verdade! Você é casado!

- Eu?! Claro que não.

- Então você é gay!

- Também não. Apesar de, sim, eu ser incrivelmente bonito e achar o Jair Bolsonaro um gato.

- Então... o que é?

- Carmela, vivemos uma tórrida paixão há dois anos, mas a verdade é que você não me conhece.

- Como não te conheço, Diego? Você é o homem da minha vida, é gentil, inteligente, sensível, engraçado, cheira bem, trepa bem...

- Sim, sim. Mas há outros fatos que permaneceram na obscuridade e que agora serão revelados.

- Outros fatos?

- Exatamente.

- E qual é a verdade, Diego?

- A verdade é que eu sou um pulha.

- Um pulha??!!

- Isso mesmo. Eu não presto, Carmela. Não tenho coração. Escondi isso durante esse tempo todo, mas não posso mais continuar com esse teatro. Sou um canalha. Sempre fui. E dos grandes. Nunca respeitei as mulheres. Sempre as usei de todas as formas possíveis e as joguei na sarjeta, como panos de prato usados. Nunca respeitei seus desejos, suas frustrações, seus sonhos. Nunca as vi, aliás, como seres humanos dotados de luz própria, apenas como meros veículos do Destino para minhas vis maquinações.

- Mentira! Mentira! Ninguém nunca me tratou tão bem quanto você! Ninguém me fez tão feliz!!

- Enganei você, Carmela. Mas não aguento mais. Em breve, meu verdadeiro eu reemergerá. É impossível contê-lo por tanto tempo.

- Diego, não sei por que está inventando essas besteiras, mas te suplico que pare. Você é um homem maravilhoso!

- Pare de mentir para si mesma! Sou um merda, vos digo! Um bandido! Um cachorro!

- Não é, não. Você é bonzinho e gosta de mim.

- Eu sou terrível! Um devorador! Um triturador de corações! As mulheres me querem ver pelas costas!

- Tsc, pára com isso.

- Estou falando pro seu próprio bem. Depois vai ficar aí chorando e botar a culpa em mim.

- Nem ligo.

- Vai ficar me mandando mensagem de facebook o dia inteiro e dormir na frente da minha casa.

- Ha ha, você é fofinho.

- Eu sou um calhorda. Um filho da puta!

- Hmm. Adoro quando você fala palavrão.

- Foge daqui, Carmela. Esqueça que eu existo. Vou te trair! Vou te abandonar! Não posso evitar!

- Abandona nada.

- Abandono sim!

- Abandona porra nenhuma.

- Abandono! É isso o que faço!

- Tá bom.

- Juro!

- Vamos pra casa, bem? Você me deixou toda molhada com esse papo.

- Sou um patife! Um cachorro!

- Ai, meu cachorrão.


Comentários

  1. Gostei desse, selvagem, mas você está virando cada vez mais um Nelson Rodrigues, mais um mesinho e começa a colocar incesto e safadeza pura nos seus contos.
    Se der qualquer hora, visita o meu: http://blekandblu.blogspot.com.
    Abs
    Marcão

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  2. Cachorrão .. é típico Nelson.. Adooro!

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