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Neste exato momento, 19h32m55s de 22 de dezembro de 2010 d.C., deste exato lugar, -8° 8' 13.67" graus de latitude e -34° 54' 8.12" de longitude, em Recife, Brasil, costa oriental da América do Sul, vejo o mar. O sol se pôs; a escuridão é combatida pela luz irradiada das lâmpadas fosforescentes instaladas em postes, além de pelos faróis que percorrem a avenida beira-mar abaixo como vagalumes indiferentes. A maré alta espirra espuma contra os muros de pedras construídos para desacelerar tanto quanto possível o avanço inexorável do mar.

Vejo a cena a oito andares de altura. Pessoas caminham pelo calçadão entre a avenida e o muro de pedras. Algumas estão sentadas num quiosque de tenda branca, erguida como picadeiro, bebendo alguma cerveja ou tomando alguma sopa. Ocasionalmente, uma bicicleta cruza a ciclovia entre a avenida e o calçadão. São muitas camadas que me separam do mar, mas, neste exato momento, sinto-me perfeitamente integrado a ele, como se nele me encontrasse mergulhado, como se nele eu pudesse me dissolver, tal onda que avança e regride, um leve rumorejar perdido contra o breu anterior.

De meu conforto, reflito enquanto testemunho as deliberações do mar:

"daqui, o oceano é seguro. lá embaixo, porém, ele é todo confusão."

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