soneto da rua
Volto do labor meio telúrico,
assim atarantado, filho da Lua;
súbito torno, idéia mudo,
à rua, à rua, à rua, à rua!
No lar desconheço barulhos,
tudo é paz, nada é poesia
pois poesia é beber da rua seus murmúrios
e de silêncios a morte já come em demasia.
Saúdo o garçom, amigo Teles,
que já enxotou três antes das nove:
antes das dez serei um deles.
Mas o que o amigo Teles desconhece
é que a ciência, e não Baco, me move:
examino quanto fígado permanece!
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