(para saber mais sobre o desafio, clique aqui ) Desvelado em exaustivas sete horas e trinta minutos, denso e arrastado, este filme deve ser uma grande experiência para assistir no cinema. Vi-o durante três ou quatro dias, no sofá de casa. Suas imagens ecoam em minha cabeça. O diretor húngaro Béla Tarr habita uma dimensão imagética muito própria, como Kubrick e Tarkovski. Menos um diretor narrativo que visionário, seus poucos e longuíssimos planos-sequência parecem usar a história adaptada do livro homônimo de László Krasznahorkai (que assina o roteiro com Tarr) como desculpa para construir um filme que grita CINEMA em letras maiúsculas. Seus planos arrojados, que “cortam” dentro da cena (a câmera se aproxima para o “close-up”, afasta-se para um plano de paisagem, roda num “dolly” em torno dos personagens, etc.), fazem extenso uso de 100 anos do vocabulário cinematográfico, sem concessões para planos-detalhe ou o esquema cansado do plano-contraplano do cinema indu...
192) "A festa de Babette" ("Babettes gæstebud", 1987) Aparentemente, este drama dinamarquês consta de uma lista de filmes recomendados pelo Vaticano, o que dá uma boa indicação da falta de controvérsia que o rodeia. Leve, sensível, delicado, um Bergman "light", se dá pra descrevê-lo assim, "A festa de Babette" é ideal para assistir com a avó numa tarde de domingo. Não que seja ruim. O clímax do filme, em que uma governanta francesa numa aldeia perdida na Dinamarca prepara um festim para um bando de provincianos chatos, é um belo exercício sobre como retratar a comida e o ato de comer na tela (filmes sobre comida, aliás, deveriam ser um gênero cinematográfico à parte). Às vezes, dá vontade de dar um tapa na cara de algum dos personagens para incitar reações um pouco mais sanguíneas. Mas é um filme bonito, sobre família e amizade, que não insulta ninguém. 193) "A invenção de Hugo Cabret" ("Hugo", 2011) Eu queria ter gostado ...
Procuro meu dono, um homem alto, cabelo claro, voz aguda e cheiro adocicado. Quando abre a boca, porém, o cheiro é de lixo molhado. Perdi meu dono há três dias, no parque grande perto do rio. Ele jogava uma bola de borracha para que eu pegasse com a boca e a trouxesse de volta, como costumamos fazer todos os domingos. Nunca soube qual a graça que isso tem pra ele, mas eu me divirto. Numa dessas vezes, fui buscar a bola e me deparei com uma linda cadelinha passeando com a dona. Tentei cheirar seu rabo e ver se tirava a barriga da miséria, mas a dona me enxotou aos pontapés. Quando voltei, meu dono tinha sumido. Deve ter achado que eu havia perdido a memória e esquecido de voltar. Vocês sabem como os humanos são idiotas. Quem encontrar meu dono, favor latir três vezes na frente da caçamba de lixo ao lado da casa rosa detrás da rua que faz muito barulho. Chamar por Hulk. Ofereço uma coxa de frango e a cabeça de uma boneca como recompensa.
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