192) "A festa de Babette" ("Babettes gæstebud", 1987) Aparentemente, este drama dinamarquês consta de uma lista de filmes recomendados pelo Vaticano, o que dá uma boa indicação da falta de controvérsia que o rodeia. Leve, sensível, delicado, um Bergman "light", se dá pra descrevê-lo assim, "A festa de Babette" é ideal para assistir com a avó numa tarde de domingo. Não que seja ruim. O clímax do filme, em que uma governanta francesa numa aldeia perdida na Dinamarca prepara um festim para um bando de provincianos chatos, é um belo exercício sobre como retratar a comida e o ato de comer na tela (filmes sobre comida, aliás, deveriam ser um gênero cinematográfico à parte). Às vezes, dá vontade de dar um tapa na cara de algum dos personagens para incitar reações um pouco mais sanguíneas. Mas é um filme bonito, sobre família e amizade, que não insulta ninguém. 193) "A invenção de Hugo Cabret" ("Hugo", 2011) Eu queria ter gostado ...
(para saber mais sobre o desafio, clique aqui ) Desvelado em exaustivas sete horas e trinta minutos, denso e arrastado, este filme deve ser uma grande experiência para assistir no cinema. Vi-o durante três ou quatro dias, no sofá de casa. Suas imagens ecoam em minha cabeça. O diretor húngaro Béla Tarr habita uma dimensão imagética muito própria, como Kubrick e Tarkovski. Menos um diretor narrativo que visionário, seus poucos e longuíssimos planos-sequência parecem usar a história adaptada do livro homônimo de László Krasznahorkai (que assina o roteiro com Tarr) como desculpa para construir um filme que grita CINEMA em letras maiúsculas. Seus planos arrojados, que “cortam” dentro da cena (a câmera se aproxima para o “close-up”, afasta-se para um plano de paisagem, roda num “dolly” em torno dos personagens, etc.), fazem extenso uso de 100 anos do vocabulário cinematográfico, sem concessões para planos-detalhe ou o esquema cansado do plano-contraplano do cinema indu...
129) "Conspiração do silêncio" ("Bad day at Black Rock", 1955) Dirigido pelo grande John Sturges (“Fugindo do inferno” e “Sete homens e um destino”), “Conspiração do silêncio” funciona como uma versão do faroeste “Matar ou Morrer” (1952), ambientada nos tempos modernos. Assim como o filme com Gary Cooper, a ação se passa durante poucas horas em Black Rock, uma cidade isolada de tudo. John MacReedy (Spencer Tracy, excelente), um misterioso forasteiro de um braço só, chega de trem para encontrar um amigo japonês, mas se depara com a hostilidade da população local. Suspeitando que algo aconteceu com seu amigo, ele enfrenta os capangas do fazendeiro Reno Smith (Robert Ryan) para tentar descobrir o segredo que a cidadezinha esconde. O roteiro enxuto consegue manter a tensão com poucos elementos e cenários: impossível não sentir o cerco social se fechando em torno do protagonista. Um dos primeiros filmes a discutir o racismo anti-japonês presente na sociedade a...
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